De todos os sítios que tínhamos visto na Tailândia, um dos que queríamos muito visitar era Chiang Rai. Como sabem, nós ficámos durante quatro dias em Chiang Mai e decidimos fazer um tour de um dia a Chiang Rai.
Chiang Rai fica a 200 km de Chiang Mai, uma distância pouco confortável para ir e voltar no mesmo dia. Apesar de sabermos de antemão que iria ser bastante cansativo, decidimos arriscar pois era um local que queríamos muito conhecer. Se tivéssemos mais dias de férias disponíveis ficaríamos em Chiang Rai pelo menos uma noite, mas como não havia tempo para tudo decidimos fazer um bate-volta. Vamos então explicar-vos como foi fazer um tour de um dia a Chiang Rai.
Marcar o tour
Marcámos o tour, ainda em Portugal, com a empresa Travel Chill, e só temos a dizer bem. Se fizer uma pesquisa, quase todas as empresas oferecem praticamente o mesmo.
Roteiro do tour com a Travel Chill
- Partida do hotel (nós ficámos no The Royal Guest House) por volta das 7h/7h30
- Termas de Chiang Rai
- Templo Branco (Rong Khun Temple)
- Templo Azul (Wat Rong Suae Ten)
- Casa Preta (Black Museum)
- Triângulo Dourado (Tailândia, Laos e Myanmar)
- Tribo Long Neck Village (opcional)
O que está incluído:
- Transfer
- Bilhetes
- Seguro de viagem
- Guia turístico (inglês)
- Almoço
O que fazer em Chiang Rai
Por volta das 7h/7h30 uma carrinha percorre vários hotéis para recolher o grupo (cerca de 10 pessoas). Depois de 3 horas na estrada chegámos à primeira atracção do nosso tour: as Termas de Chiang Rai.
Honestamente não achámos nada de especial. Basicamente é uma área de serviço onde param todos os autocarros que fazem este trajecto. Deu para esticar as pernas e ir à casa de banho.
Quanto às termas nem conseguimos colocar lá um pezinho devido ao intenso calor que já se fazia sentir pela aquela hora da manhã. Ainda assim, o local é bem mais pequeno do que imaginávamos e estava lotado com turistas.
Seguimos viagem até ao destino mais aguardado por nós. Mas, no último minuto a nossa guia decidiu mudar os planos – e ainda bem! Decidiu que iríamos almoçar primeiro e só depois prosseguir com as visitas.
Almoçámos num restaurante, tipo buffet, onde fomos os primeiros clientes. A refeição não era nada de especial, mas era saborosa – o almoço está incluído no preço do tour.
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Já de barriguinha cheia fomos então visitar o Templo Branco (Rong Khun Temple), o templo que mais ansiávamos.
O Templo Branco é de deixar qualquer um boquiaberto e é, sem dúvida, um dos templos mais bonitos da Tailândia. Por conseguinte, é também um dos mais turísticos e foi aqui que começou a correria. De facto, um dia é muito pouco para conhecer Chiang Rai, mas é o que temos e por isso temos que aproveitá-lo ao máximo.
Comparativamente com outros templos da Tailândia, o Templo Branco é mais recente (1997) e foi financiado por um artista tailandês que nasceu em Chiang Rai. O Templo Branco destaca-se, obviamente, pela cor branca e pelos pedaços de espelho que reluzem com o sol. A cor branca representa a pureza de Buda, enquanto os espelhos representam a sua sabedoria.
Para entrar no Templo terá de atravessar a ponte do Ciclo do Renascimento, onde as mãos que saem do chão representam o sofrimento humano e o inferno, e, atravessando a ponte, estamos a caminhar em direcção ao paraíso e felicidade, que é dentro do templo. Na ponte não permitem parar, nem voltar.
Já no interior do templo vai ver imagens de Buda, naturalmente, mas não só, daí ele ser estranhamente bonito. Nas paredes do templo estão representações do bem e do mal, mas de uma forma moderna com o Pokemon, Batman, Elvis, Minions, Homem Aranha, entre outros personagens. A mensagem a transmitir é que nenhum super-herói pode salvar o Mundo. Apenas Buda. Terá de entrar descalço no templo e não é permitem fotografar nem filmar.
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Toda a área envolvente é muito bonita, e conta com jardins, uma fonte dos desejos e vários locais para pendurar os desejos. Uma outra coisa que também chama bastante a atenção são as casas de banho, trabalhadas ao detalhe e douradas. Dificilmente irá encontrar outra assim!
Chegara a hora de partir e ir visitar outro templo, o Templo Azul. É um templo lindo – por dentro e por fora. Como o próprio nome indica, o templo apresenta uma arquitectura em tons de azul e dourado.
À entrada do templo estão duas cobras enormes e cheias de detalhes e são consideradas as guardiãs do templo.
Também o seu interior é todo azul com vários desenhos lindos que transmitem muita paz. Nós gostámos muito de visitar este templo!
Sem demoras seguimos até ao próximo destino, a Casa Preta. A Casa Preta não é um templo, mas sim um espaço onde se encontram distribuídos cerca de 40 edifícios, onde a cor preta predomina e a morte é exibida de várias formas. Aí podemos encontrar peles de animais, carcaças, chifres de búfalos, móveis feitos com pedaços de animais, crânios… Resumindo: é uma colecção de arte obscura.
Naturalmente a visita não agradará a todos pelos motivos óbvios. No entanto, não deixa de ser um museu que desperta a curiosidade e que divide opiniões. A nossa opinião pessoal é que como amantes de animais, obviamente, não gostámos de ver toda aquela colecção, transmitindo até uma energia negativa. Ainda assim gostámos imenso da arquitectura das várias casas (por fora).
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A tarde já ia a meio e partimos novamente até ao destino seguinte – o Triângulo Dourado. O Triângulo Dourado surge do ponto de encontro de três países: Tailândia, Laos e Myanmar. É também o local onde se encontram o rio Mekong e o rio Ruak.
Na fronteira da Tailândia tivemos de entregar o nosso passaporte (não se esqueça de o levar), que é devolvido no final da viagem. Aí entrámos num barco, pagámos 30 baht que não está incluído no preço do tour, e em cerca de 30 minutos estávamos em Laos. A nossa guia explicou-nos um pouco da história dos países e referiu que a fronteira do Laos era um óptimo local para fazer compras.
Quando desembarcámos em Laos encontrámos um mercado que vende de tudo um pouco. Pessoalmente não achámos os preços assim tão diferentes pelo que nem comprámos nada.
Para nós, esta parte da viagem foi desnecessária. Preferíamos ter estado mais tempo a contemplar os templos (e evitar correrias), por exemplo, do que ir a um mercado em Laos. É engraçado, sim, ver a fronteira dos três países e o passeio de barco, mas não achamos que foi o ponto alto da viagem.
O sol já estava a pôr-se quando fomos até ao último destino deste tour de um dia em Chiang Rai. Não era suposto ter sido tão tarde – a essa hora já deveríamos estar a regressar a Chiang Mai – mas um dos elementos do grupo perdeu-se, e claro, tivemos de esperar por ele.
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A última paragem do dia foi então à Tribo Long Neck Village. As questões éticas deste passeio fazem muitas pessoas reflectirem. E no nosso caso, obviamente, não foi diferente. Pensámos muito, lemos muito, para tentar perceber se queríamos ou não ir. Neste tour da Travel Chill só visita a tribo quem quer. Quem não quiser fica a aguardar no autocarro (aproximadamente 30 minutos).
As mulheres desta tribo são muito famosas pelos seus pescoços alongados. Conhecidas como mulheres girafa, estas utilizam anéis de bronze ao redor dos seus pescoços, antebraços e canelas. Os homens trabalham no campo e em fazendas, enquanto as mulheres trabalham na tecelagem e artesanato.
Muitos pensam que o pescoço fica alongado. Mas, o que acontece na verdade, é que o peso das argolas esmaga os ombros e fazem com que as costelas sejam pressionadas para baixo. Trata-se de uma peça única de bronze, com aros enrolados, que com o tempo é substituída por peças cada vez maiores, com no máximo 25 aros. As peças são extremamente pesadas, podendo chegar até aos 10 kg. Dizem que as mulheres Karen utilizavam as argolas não apenas por beleza, mas também para se proteger contra ataques de tigres. Com o tempo, o alongamento do pescoço tornou-se apenas numa tradição.
A tribo Karen faz parte de um grupo que viveu nas colinas de Myanmar. Por questões étnicas e devido à guerra, a tribo foi bastante perseguida, e muitos resolveram abandonar o seu lar e refugiar-se a norte da Tailândia. Ir para a Tailândia foi a melhor e a opção mais segura para muitos membros. No entanto, o governo tailandês concedeu-lhes acesso como migrantes económicos, e não como refugiados.
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A falta de oportunidade e apoio do governo tailandês, fez com que a tribo se isolasse do resto do país, vivendo assim em condições precárias. A tribo Karen é proibida de sair das áreas demarcadas pelo governo, não pode trabalhar e tem pouco ou nenhum acesso à escola. No caso das mulheres, a situação é pior. Caso decidam tirar as argolas, param de receber ajuda de custo do governo.
Então, a nossa experiência foi a seguinte: muitas barraquinhas estavam fechadas e éramos os únicos turistas. As nossas pernas estavam bambas, sem saber o que lá iríamos encontrar e como nos havíamos de comportar. Ainda assim, queríamos tirar as nossas próprias conclusões. Falámos um pouco com elas e percebemos que elas vivem ali, e que fazem tudo com as próprias mãos. Comprámos algumas peças de artesanato para as ajudar e as pouquíssimas fotos que tirámos foi sempre com permissão. Como éramos os únicos turistas, não nos estávamos a sentir muito bem. Então, juntámo-nos às crianças que ali brincavam. Estavam felizes. Ou pelo menos pareciam! E aqueles minutos de brincadeira com as crianças da tribo, valeu por tudo o resto.
Muitas pessoas dizem que estas tribos parecem-se com zoológicos humanos. E isso de facto acontece se agir como tal! Muitos turistas chegam lá com os guias, tiram fotos, compram (ou não) uma coisinha e vão embora. Não façam isso! Mesmo falando um inglês limitado, conversem com elas e verão como a sua postura muda. Ficam mais felizes pelo interesse e carinho demonstrado.
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Nesta visita haverá sempre um dilema de perspectivas. Por um lado, actualmente é o turismo e a venda de artesanato que sustentam as mulheres da tribo. Por outro, estas são o retrato de uma exploração abusiva e do desrespeito aos direitos humanos. Se nos custou? Não posso negar. E, depois de viver esta experiência, claramente não o faríamos novamente. Queremos acreditar que se os turistas parassem de visitar a tribo, talvez o governo tailandês fosse mais liberal e a tribo tivesse os mesmos direitos que os restantes cidadãos.
Ficámos arrependidos de compactuar com este tipo de turismo, mesmo sabendo que o nosso objectivo seria ajudar as mulheres com a compra de algumas peças de artesanato. Assim sendo, desaconselhamos a visita à tribo.
O tour de um dia em Chiang Rai estava a terminar e seguimos novamente viagem até Chiang Mai, deixando-nos no hotel The Royal Guest House.
A nossa opinião acerca do tour
Apesar de sabermos perfeitamente ao que íamos, achámos o tour bastante cansativo. O ideal seria mesmo pernoitar uma ou duas noites em Chiang Rai. Como não nos era possível, optámos por esta solução e voltaríamos a fazer o tour da Travel Chill se não tivéssemos mais tempo disponível.
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A viagem correu super bem e a nossa guia falava bem inglês e deu-nos todas as explicações e respondeu a todas as nossas perguntas curiosas. Gostámos muito 🙂