Volta à Ilha do Sal em excursão
Chegámos à Ilha do Sal e logo aprendemos o lema deles: “No stress”. Lá tudo se faz devagar, devagarinho, quase parados. Lá não há stress nem confusão. A ilha do Sal é também chamada a ilha da morabeza. A morabeza é tida pelos cabo-verdianos como algo difícil de traduzir e exprime um sentimento tipicamente cabo-verdiano. Uma filosofia de vida muito própria de um povo amável e carinhoso que preza muito a forma de receber. É maravilhoso a simplicidade das gentes que nos recebem com um sorriso aberto.
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Nem sempre foi assim chamada, inicialmente era Lhana, pela sua terra plana. Mais tarde deram o nome de Sal, devido às salinas ali encontradas e à sua indústria.
A ilha do Sal é das ilhas mais pequenas de Cabo Verde: tem aproximadamente 30 km de comprimento e 12 km de largura. É uma terra pequena, infértil, em que praticamente todos os produtos são importados. Com extensas praias e bom tempo durante todo o ano é normal que o turismo seja a principal actividade económica da ilha. Espargos é a capital e a sua cidade com mais habitantes. Santa Maria, situa-se a sul, e é o centro turístico e o segundo maior centro populacional da ilha do Sal, dispondo de vários hotéis.
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Desengane-se quem pensar que a Ilha do Sal é só praia. Há mais para ver, não muito é certo, mas há!
O que fazer na Ilha do Sal
A maioria dos turistas fica alojado nos hotéis em Santa Maria. Nós não fomos excepção, mas decidimos visitar o resto da ilha. Fizemos uma excursão de meio dia (uma manhã) pela ilha. Pode pensar que é pouco, mas acredite, é suficiente. A ilha é pequena!
Decidimos marcar pela Solférias por uma questão de segurança, e se algo acontecesse tínhamos seguro. A viagem teve um custo de 25€. No entanto, à entrada da praia há senhores a vender também essas excursões mais baratas.
Baía da Murdeira
A primeira paragem foi na Reserva Natural de Baía da Murdeira, que é uma ampla baía semi-circular aberta. É a zona mais emblemática protegida de Cabo Verde, com uma grande variedade de invertebrados marinhos e espécies de corais diversificadas. Ao longe, podemos ver o Monte Leão. É assim chamado devido à sua posição: parece um leão deitado.
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Espargos
Espargos é a cidade com mais habitantes da ilha e localiza-se perto do Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, daí o seu crescimento. Possui também hospital, centro cultural, biblioteca, quartel e bancos.
Devido ao seu forte fluxo turístico o custo de vida na ilha é bastante superior à média nacional, onde o salário mínimo é de 100€. A maioria das pessoas que trabalha nos hotéis em Santa Maria vive em Espargos, onde o nível de vida é mais barato, e apanha o autocarro por 1€ para ir trabalhar.
Em Espargos visitámos uma lojinha com souveniers, onde nos deram a provar a bebida típica cabo-verdiana, o grogue. Uma aguardente de cana bem forte. Isto às 11h da manhã! Visitámos também um pequeno mercado de verduras.
As casas são pintadas com cores fortes a contrastarem com casas que parecem inacabadas.
Salinas de Pedra Lume
Esta foi a primeira zona a ser explorada devido às salinas ali encontradas, iniciando assim o povoamento da ilha.
Hoje em dia podemos visitar as Salinas de Pedra Lume, uma antiga exploração de sal que se encontra abaixo do nível do mar. A cratera de um vulcão já extinto está repleta de água salgada que se infiltra pela porosidade da pedra e que vai secando devido ao sol.
Numa parte das salinas, é possível nadar nas suas águas, por isso não se esqueça do bikini! Essas águas são quentes e têm uma elevada concentração de sal (26 vezes mais salgada do que a água do mar 😮 ), de tal forma que impede que as pessoas consigam ir ao fundo, permitindo-lhes boiar sem qualquer esforço. Tenha especial atenção ao contacto da água com os olhos e não a tente provar 😉
Veja aqui o que fazer em Santa Maria
Os cabo-verdianos dizem que este banho faz rejuvenescer e a pele fica mais sedosa. Pelo menos tentámos!
Para não ficar com a sensação que é um bacalhau, há a possibilidade de tomar um duche de água doce para retirar o sal por 1€. Basta dirigir-se ao café ali existente.
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As salinas são a principal fonte de receita da ilha e provavelmente o maior empregador da mesma.
Palmeira
Palmeira é uma pequena vila piscatória, onde se situa o maior porto da ilha.
Visitámos um Fontanário e uma escolinha. Lá as crianças usam uniformes iguais para não haver distinção das classes sociais. Aproveitámos e deixámos alguns brinquedos e doces. Eles adoraram!
Dirigimo-nos em direcção ao porto, onde conseguimos ver peixe acabado de sair do mar a ser esventrado e amanhado para que, de seguida, possa ser vendido.
Buracona e Olho Azul
Este é um dos principais pontos turísticos da ilha. A Buracona são um conjunto de piscinas naturais que se formaram devido à força do mar na rocha basáltica. A entrada tem um custo de 3€.
Aquele azul turquesa da água faz as delícias dos turistas e dá logo vontade de dar um mergulho.
Caminhando pelo basalto irregular, encontramos um buraco nas rochas que esconde um lindo e precioso segredo! Com a passagem do mar por baixo, por volta das 11/12h conseguimos, através da incidência do sol, o que assemelha a um olho azul. Um deslumbramento!
Os chinelos não são boa opção para este local. Aconselha-se a levar uns ténis velhos ou outro calçado confortável para não escorregar.
Terra Boa e as Miragens
Passámos por Terra Boa para chegar à Buracona. É aqui que se encontra o bairro mais pobre da ilha, onde vivem as pessoas que não têm dinheiro para alugar ou construir casa. Vivem ou sobrevivem?! É impressionante e triste ver realidades tão diferentes: a pobreza no olhar daquelas gentes que nada têm, com a riqueza e excessos retratada nos hotéis em Santa Maria. É de cortar o coração.
Antes de chegarmos à Buracona vimos o Monte de Leste e o Monte Grande que se erguem da terra plana e árida. Um dos pontos altos da excursão é a caça às miragens. Dependente dos dias, das horas e da intensidade do sol, as miragens podem ser mais ou menos visíveis. A verdade é que aos nossos olhos, parece mesmo que vemos água.
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Gostei muito de conhecer mais um pouco desta ilha maravilhosa e destas gentes. Os cabo-verdianos são de facto um povo super amável e acolhedor, sempre com um sorriso na cara 😀